domingo, 12 de maio de 2019

Irã - Nossa viagem pelo Irã - 2019

Nossa viagem ao Irã

A Ásia tem capturado nossas atenções desde que começamos a ter contato mais próximo com os países deste vasto continente. Uma lacuna que começamos a preencher nesse ano foi visitar a Ásia Central. São muitos países mas mais especificamente selecionamos dois, Irã e Uzbequistão, para começar a nossa exploração por essa vasta região, tão pouco estudada nas nossas aulas de história - a riquíssima história da Ásia vem sendo negligenciada em todos currículos escolares dos países ocidentais.

O Irã é surpreendente e apaixonante e ficamos muito bem impressionados com o que vimos. Nessa publicação vamos compartilhar com vocês um pouco da nossa passagem por lá.

Primeiro dia

Vale contar da nossa viagem para cá, por ser uma característica dos voos de e para Teerã - a maioria chega e sai de madrugada.
Viemos de Istanbul e aterrissamos as 3:45 da madrugada. Optamos por obter o visto de entrada na chegada, corremos para o guichê de Visa em entregamos a documentação requerida e previamente aprovada pela Imigração, processo que fizemos no Brasil, via internet e com apoio de cia de turismo iraniana. Em 5 minutos fomos liberados para entrar. A checagem foi eletrônica e não aplicaram carimbo algum no passaporte. Bem eficiente.
Motorista nos aguardava e seguimos para o Hotel em uma viagem de uns bons 40 minutos. De qualquer forma, depois de uma soneca para recuperar a noite mal dormida, ao meio dia já saímos para o tour do dia, meio ensonados mas essa é a vida de turista.
Sexta-feira, ruas com muito pouco trânsito e lojas fechadas. A curiosidade é que aqui sextas-feiras é como o nosso domingo. É dia de ficar com as famílias e encontrar com os amigos.

Teerã
É uma cidade planejada, com ruas e avenidas largas, fiação elétrica e de comunicações enterrada e muito comércio. Mas o bloqueio comercial imposto pelos americanos impactou bastante a economia e há muitas lojas fechadas e uns tanto imóveis tem cara de abandonado na região comercial que passamos. A cidade é muito grande e espalhada mas não se vê muita movimentação de construção civil. O trânsito de automóveis é pequeno e o que se vê é muito táxi. É muito barato andar de táxi, segundo nos falaram. Aliás é tudo muito barato mas sempre assusta quando vem a conta pois 1.500.000 Rials equivale a 10 Euros e é o custo de um bom jantar por casal. Vão dizer: “Também não tem vinho?” Pois é! Nada de bebida alcóolica por aqui.

Niavaran Complex
Aqui está a residência do último Xá da Pérsia. Fica já nas encostas das montanhas nevadas que limitam a cidade ao norte.
O Niavaram Palace era a residência do Xá Palahvi e da Farah Diba. Os cômodos estão todos decorados como se os antigos moradores ainda estivessem por ali. Aliás muito bem decorados e com muito bom gosto, segundo avaliação da Veva. Alem dos dormitórios do Xá e Farah, também estava aberto a visitas o quarto da filha e sua acompanhante.
Praticamente vizinho a ele está oAhmad-Shahi Mansion, com também quarto do casal e os quartos dos filhos. Bem menor mas não menos suntuoso e todos os cômodos bem decorados. De deslocado só a parte de eletrônicos que eram de última geração em 1976, quando foram depostos.
As instalações foram divididas em various museus e para cada um se paga um ticket.
Muita gente local visitando os palácios, passeando pelo parque e aproveitando o domingão, ops, a sexta-feira! Turistas estrangeiros como nós, pouquíssimos.

Sa’dabad Complex ou o Palácio de Verão
O Palácio de Verão está instalado em um enorme parque, também nas encostas das montanhas nevadas e foi a residência real desde 1928. Tem varias museus, como no parque da residência oficial do último Xá, mas optamos por visitar apenas dois. Afinal ainda estávamos bem cansados da viagem.
O primeiro que visitamos foi o Green Palace, que fica na parte mais alta do parque. Uma boa caminhada morro acima, que pode ser vencida também por transporte quase gratuito. Mas caminhar é conosco! No caminho paramos do lado do Museu das Aguas, que apresentam as instalações de captação de água das montanhas que servem também à cidade.
O Green Palace é um espetáculo. De pedra de tom levemente esverdeada, que é extraída de montanhas ao sul do país, surpreende assim que se entra nele. As escadarias dão de frente à sala dos espelhos - é como se fosse um mosaico de milhões de espelhinhos que ficam refletindo qualquer luz - e as paredes, teto portas e janelas são todos revestidos nessa forma de mosaico de espelhos. Dentro está mobiliado para receber visitas e realmente impressionar. Tem mais uma sala com o mesmo revestimento de espelhos. O efeito visual é de cair o queixo! Tem outros cômodos, também bem decorados mas esses dois são realmente únicos. Sorry, não são permitidas fotos.
Descemos para visitar o Mellat Palace, que está totalmente decorado com muito bom gosto, com mesas preparadas para receber convivas, ou chá da tarde, ou café da manhã, cada um com sua louca, jogo de talheres e copos e apetrechos.
Os quartos também como se ainda estivessem por lá, com todos os requintes.
Segundo dia

Começamos o dia tentando trocar dinheiro, mas o comércio as casas de câmbio só abririam ao meio dia. Então o nosso motorista nos emprestou dinheiro e fomos ao museu.
Vale contar que devido ao bloqueio comercial, não é aceito nenhum cartão de crédito internacional...para nada!
National Museum of Iran
Esse museu mostra as peças mais antigas descobertas nos muito sítios arqueológicos do país.
Tem itens de até 7 mil anos antes de Cristo. Muitos potes, ornamentos, materiais de trabalho, algumas joias de toda antiguidade.
Muitas curiosidades como um pote muito bem conservado e datado de 5.000 anos, com desenhos de bode pulando em evolução como se fosse uma animação. E em perfeito estado de conservação!
De Persepolis, a grande cidade imperial criada por Dário o Grade, uma painel bem grande esculpido em pedra, oriundo de uma das paredes do antigo palácio das cem colunas, mostrando o imperador Xerxes conversando com um embaixador, estátua sem cabeça de Dário e estátuas da época, quadros e alguns mosaicos e utensílios diversos. Esse pedaço do mundo tem muita história e é difícil não se impressionar com tantas informações.
Até uma comprovação de que os Nerdenthal estiveram caçando e se instalaram por algum tempo em determinada região, está representado nesse museu.

Troca de dinheiro e o almoço
Saímos do museu e fomos trocar dinheiro. Dez notas de €50 viraram quase oitocentas de 100.000 dinheiros locais. Wow! Deve dar para todos os 16 dias!
Seguimos para almoçar em um café muito simpático e com decoração descolada e comemos muito bem. Na hora da conta fui cobrado em uma moeda que não era a do papel moeda que eu recebi no exchange! Depois entendi que é a mesma moeda dívida por 10!

Carpet Museum
Já que a Pérsia é famosa pelos tapetes, lá fomos nós visitar esse museu com peças do século 17 mas a maioria do século 19 e 20.
Agora que já sabe,os que quanto mais nós por uma certa medida - 6/5 centímetros! - ficamos vendo o que diferenciava um ou outro tapete em função de ter mais nós e menos nós. Não deu para ficar experts!
Mas vale dizer que os que mais nos encantaram foram os com historinhas ou com imagens. Tinha um já do século 20 que era com flores em relevo, quase um 3D!

Museum of National Jewels
Impressionante, riquíssimo, talvez o mais rico que já visitamos. Acho que em diamantes só perde para o de Moscou. Mas ganha de todos em joias, coroas, aparelhos de jantar, armas, adagas, estribos de cavalo, tronos, tudo cravejado com muuuuitas pedras preciosas. Sem contar com os potes de esmeraldas, ametistas, rubis e diamantes prontos para enfeitar o que mais se pudesse imaginar, como o mapa-múndi em globo adornado com rubis, ametistas, esmeraldas e diamantes.
Especial destaque para a coroa real e o adorno em diamantes que fica encaixado na frente, ora como folhas de palmas, ora como grandes brasões, sempre acompanhado com outras pedras preciosas e preso na coroa com cordões de ouro na lateral e com clipe de ouro ou platina na frente.
Ouro e platina viram meros coadjuvantes nesse universo de pedras preciosas. Muito impressionante.
O museu fica em um dos cofre-fortes do Banco Central daqui e só abre por 2 horas em 4 dias por semana (sábado a terça). Logo tem fila e uma boa disputa para ver as peças. Imperdível.

Terceiro dia

Kashan
Saímos em viagem rumo a Kashan, a 300 km de Teerã.
O visual era pra lá de monótono, já que é uma planura desértica, e foi bom para uma dormidinha a mais. A paradinha em um posto de gasolina mostrou que estão preparados para um movimento que não era no horário que passamos por ali. Mas o café expresso era ótimo!
De Kashan ficamos sabendo que é um oásis e que é uma cidade rica. A especialidade de Kashan é plantações de rosas e produção e exportação de extrato de rosas. Não vimos as plantações mas contaram que as roseiras deve estar produzindo em uma semana e em duas semanas terá o grande festival das rosas, que anualmente celebra e começo da colheita.

Fin Garden
Foi construído em meados do século 19 e tem como base um bom volume de água que passa pela propriedade. Com uma engenharia bem bolada, a água entra por uma canaleta na parte alta da propriedade e alimenta com pressão perto de uma centena de pequenas fontes alinhadas em canaletas com azulejo azul claro, dando colorido ao jardim.
Com altos ciprestes rodeando os jardins em conjunto com uma roceira de meia altura, só faltou rechear os grandes quadradas com alguma planta - em alguns tinha um quadrado menor com flores.
A beleza não é o jardim em si mas a arquitetura e o manejo d’água. Enche a vista e quase não se percebe a ausência de flores.

Tabatabael House (casa histórica)
Essa antiga residência de comerciante de tapetes é uma beleza. Tem mais de 4.000 metros quadrados de área construída e as áreas destinadas para a comercialização de carpets e para a família tem um acabamento primoroso e com enorme riqueza de detalhes. Sem falar nos jardins, que são muito caprichados e sempre com espelhos d’água ou fontes no centro, sendo alguns de mais de 15 metros de extensão. Completam a antiga residência os estábulos, a enorme cozinha e a curiosa e muito eficiente área subterrânea para enfrentar verões e invernos.
A casa tem uma área bem grande, subterrânea, que foi meticulosamente planejada para manter a temperatura a 24 graus centígrados o ano todo, mesmo no mais quente verão daqui. Nessa área tem torre de vento, estrutura de humidificação em baixo do piso e janelas de vento nas laterais - e venta! Um belo trabalho de arquitetura e engenharia dos anos 1800. Essa solução vai ficar cada vez mais comum de encontrar nessa viagem pelo interior do Irã.

Borujerdi House (casa histórica)
Com quase 3.500 metros quadrados, essa casa histórica também se destaca pela arquitetura e acabamento, mas não está com todos os cômodos abertos à visitação pública.
O seu diferencial é que as pinturas de teto e parede estão bem mantidas, o que da outro impacto e ajuda ter melhor ideia de como seriam essas casas.

Nosso Hotel em Kashan
Ficamos em um hotel pequeno que já foi casa de família, com a mesma arquitetura das casas históricas descritas acima, mas bem menor em área. Talvez de um comerciante em principio de carreira!
Nosso quarto, pelo tamanho e acabamento, com vidros multicoloridos, devia ser a sala de venda de tapetes, ou o quarto do casal.
O restaurante ficava na área abaixo do nível da rua e com a torre de vento que garante a mesma temperatura todo ano.

Old Bazaar
No final do dia fomos ao Old Bazaar assim que ele abriu as 17:30hs. É semelhante aos outros bazares como construção: um longo e sinuoso corredor com cobertura arrendondada (e com um buraco na parte mais alta para sair o calor), com uma infinidade de lojinhas. Compramos pistaches e amêndoas direto dos produtores!

Quarto dia

Viagem para Isfahan, cidade industrial e terceira maior cidade do país.
No caminho fizemos parada em Natanz, também um oásis em meio ao deserto, para visitar uma antiga mesquita e um ancestral Templo do Fogo.
Isfahan foi a capital por centenas de anos, especialmente a da rica e poderosa dinastia Safavid, que governou vasta região fazendo fronteira com o império Otomano de um lado e dominando até parte oeste da Paquistão, antiga Índia. Essa dinastia esteve no poder de 1502 até 1722.

Natanz
Em Natanz a passagem foi rápida pois visitamos uma mesquita antiga, mas com cara de coitadinha e não muito bem mantida, o que contrasta com a vila moderna e com movimento que passamos até chegar nela.
Do lado da mesquita visitamos a oficina de cerâmica (não tem como escapar!), mas foi interessante por ser em uma casa de construção muito antiga, com forno de cozinhar cerâmica também antigo e a mesa de girar cerâmica da mesma época!
Dali a uma pequena caminhada chegamos no Templo de Fogo, local onde os muitos antigos da religião Zoroastra mantinham uma fogueira acesa simbolizando a luz que ilumina o caminho dos homens. Construção em pedra muito curiosa.
Passada rápida mas muito interessante!

Isfahan
É uma das cidades mais antigas da Pérsia e foi capital do império por duas vezes e a mais rica época foi no império Safavid, de 1502 a 1722. Mas também sofreu muitas invasões e com consequente grande variação de população.
É a terceira maior cidade do país e centro industrial, com refinaria de petróleo, siderúrgica, têxteis, tapeçarias e mecânica. Tem uma planta de energia nuclear para gerar energia e para desenvolvimento científico.
A cidade é um jardim bem cuidado, com inúmeras praças e jardins, extensos calçadões para pedestre, prédios e templos históricos bem conservados e muita atividade e gente nas ruas largas e praças com elaborado jardins, especialmente às tardes quando as famílias e grupos de amigos se reúnem em volta de um tapete nos gramados para conversar e comer lanche, ou pistache, ou amêndoas, ou tâmaras.
Tem restaurantes e cafés de qualidade e os mais populares com os iranianos são os que servem a comida nacional, o kebab de carneiro ou de frango. Carne de carneiro é tão popular que até desenvolveram um purê de carne de carneiro, açafrão e yogurt, bem curioso é bom acompanhamento para um kebab de carneiro. Hummmmmmm! Com arroz temperado no açafrão fica uma delicia!
E tem comércio! Aqui as pessoas devem nascer comerciantes.
E são alegres, muito hospitaleiros e muito curiosos com os estrangeiros, que são menos do que esperávamos.
Vale dizer que olham para nós e já sabem que somos de fora! Por que será? A roupa da Veva, lançando moda com casacão comprido e mangas levemente douradas e véu azul claro? Ou eu com calça de caminhada e tênis claro? Não sabemos mas nos param na rua volta e meia para saber de onde somos e brincam de longe falando Hello!
Chegamos à Isfahan e fomos comer no segundo melhor restaurante da cidade, segundo o guia. Comida tradicional Iraniana muito boa e bem temperada. E o restaurante lotado e com fila de espera as 3 da tarde! A decoração é bem do tipo mil e uma noites, com pinturas da princesa Sherazade na parede, divisórias de vidros multicoloridos, muitos espelhinhos realçando as molduras dos quadros e das pinturas no teto, enfim 1.001 Noites.
Depois do lauto almoço, tarde livre que aproveitamos para caminhar até a beira do rio e passear em alguns parques.

Quinto dia

Chehelsotoon Garden and Palace
Criado pelo imperador Shah Abbas em 1647. O que visitamos hoje é uma parcela do que foi o enorme jardim que se conectava com o palácio Ali Qapu.
O Palácio nesse jardim tinha função cerimonial, para receber embaixadores e governantes com negócios com o império.
A entrada principal impressiona com a piscina de 100 metros de comprimento em sua frente e refletindo o Palácio. Este, com enormes colunas de madeira de um tronco só sustentando cobertura toda decorada com pinturas simétricas e coloridas. No centro desse pátio central coberto, uma fonte com com quatro base de leões sustentam as colunas centrais da cobertura. É tudo grandioso e decorado.
Passando para o hall principal, a simetria arquitetônica aliada às características decorativas do vão central, com muito espelho, é de deixar qualquer embaixador impressionado!
Na sala de recepções há enormes pinturas em cores vividas, apresentando passagens históricas e guerras da época Safavid. Tem até um que mostra eles perdendo a guerra para o exército Otomano.
Uma curiosidade são pinturas com imagens de figuras europeias e orientais e a explicação é pragmatica e comercial: os mercadores europeus e orientais se sentiam prestigiados. Nada como ser comerciante e agradar o cliente!

Ali Qapu Palace
Palácio imperial construído durante o império Safavid, ficará lateral oeste da enorme praça retangular Naqsh E Jahan, considerada uma das maiores do mundo (sic). Na época da construção, por volta de 1600, a praça era onde chegavam as caravanas de mercadores. Há quadros da época mostrando as caravanas de camelos à frente do Grande Bazar e o palácio na lateral.
O Palacio Qapu era o palácio de entrada para os outros palácios e jardins imperiais. Atualmente os jardins estão separados do palácio ou por avenidas, ou por prédios da administração pública. É o progresso!
A decoração é especialmente caprichada e vem sendo restaurada muito bem. O enorme terraço com cobertura sustentada por troncos de árvores de 15 metros de altura são um dos grandes atrativos desse palácio. Era de onde o Imperador acompanhava os eventos e jogos de polo na praça. Outro atrativo é a decoração das salas de música, no último andar, com nichos em forma de garrafas e potes ocupando todo o abobadado teto - conta a lenda que a música dessas salas podiam ser ouvidas por toda praça.

Masjed-E Shah Mosque
No extremo sul da mesma praça está a mesquita com maior domo da cidade, construída na mesma época que o palácio Ali Qapu, quando da transferência da sede do império Safavid para Isfahan, é considerada a joia da coroa da arquitetura local. A curiosidade é que tem quatro minaretes desalinhados entre sim.
Além de mesquita abriga escola religiosa.
É enorme e grandiosa. Em um grande quadrilátero tem o corpo principal da mesquita se conectando com outros três centros de oração através de sequência de arcos em dois andares, todo coberto de azulejos decorados e com bordas de azulejos com orações. O centro tem um grade pátio com o tradicional lavatório em que os fiéis tem que lavar pés e mãos antes de entrar no templo.
O interior do principal templo se espalha pelas laterais com incontáveis colunas se expandindo para os lados, de forma a acomodar maior número de fiéis. Em um desses lados encontramos uma única parede com azulejos enfeitados com pássaros, bem incomum em templos islâmicos.
Visitamos o Centro de Estudos Islâmicos anexo. Bem, fomos entrando como quem visita um jardim! Logo fomos abordados perguntando de o de éramos e se queríamos participar de apresentação que eles têm para estrangeiros. Não foi dessa vez, já que a agenda está cheia de pontos a visitar, mas poderia ser interessante ouvir mais a respeito.

Lutfullah Mosque
Essa mesquita foi construída para ser de uso do imperador e sua família, leia-se harém. Por ser de uso privado não tem minaretes. Fica no lado leste, bem em frente do Palácio.
Para acabamento foi comissionado um famoso calígrafo para diferenciar a decoração. Outro diferencial é a extensão da mesquita para o subsolo, para ser usada nos meses de inverno e, curiosamente, desse subsolo sai um túnel que, conta a lenda, se conecta com o Palácio Ali Qapu, do outro lado da praça!

Old Bazaar
Estamos em plena Rota da Seda. Por aqui passavam os mercadores em busca de produtos locais de aceitação nos distantes mercados europeus e orientais. Era e é movimentado.
Ele fica na parte norte da praça Naqsh E Jahan.
Todos os bazares da região seguem design semelhante, com longos corredores com 4 a 6 metros de largura, sustentado por sucessivos arcos e teto abobadados com furo no alto para saída de ar quente e auxiliar renovação de ar. A parte antiga desse bazar tem dois corredores de dois quilômetros, com algumas transversais.
Ao longo do tempo foram se desenvolvendo novos espaços nas laterais desses corredores.
Tem de tudo que se possa imaginar menos comida e frutas. Tem alguma coisa de temperos e frutas secas.
E tem movimento! São as senhoras cobertas com suas vestimentas pretas, ou são as jovens, sempre em grupo e nem sempre todas cobertas de preto e famílias procurando as melhores ofertas de roupas, utensílios e joias! Tem banco, tem local de oração, tem pequenos locais de alimentação e tem banheiro público grátis ( os europeus precisavam aprender com a turma daqui e parar de cobrar de €1 ou €2 para uso dos escassos banheiros públicos).

Ainda da Praça Naqsh E Jahan
Logo após a construção e as expansões do Palácio Ali Qapu, identificou-se a necessidade de criar mais acomodações tanto para os embaixadores, como para os mercadores. Com isso foram construídas galerias com dormitórios no andar superior com a parte de baixo destinada a acomodar os apetrechos dos viajantes.
Atualmente essas galerias praticamente cercam a praça e, em seu interior, uma infinidade de lojas com tudo que os ávidos turistas gostam de comprar. Já chamam de Bazaar dos Turistas!
Na tarde do último dia da nossa estadia na cidade voltamos à praça. Estava uma festa, com os locais aproveitando o espaço. Eta povo animado!

Masjed-e Jame Mosque
Essa enorme mesquita construída no século 11 no mesmo local onde havia outro templo ancestral é das mais antigas do Irã.
A medida que vamos entrando pela rota designada de visita, da para identificar diferenças de estilos construtivos e de acabamentos. Algumas colunas estão perceptivelmente inclinadas! Mas tem uma tantas que já receberam reforço estrutural.
Apesar de não ter o mesmo esmerado acabamento das demais que visitamos, não tem como não se impressionar com as suas dimensões.
Interessante comentar que no processo de restauro, acharam em baixo da argamassa dois nichos de pedra super trabalhados muito bonitos, da época da construção.

Para acabar o dia fomos jantar em um restaurante de comida italiana, no bairro armênio. Ótima pedida em região com bastante jovens locais e nenhum turista.

Sexto Dia

Hasht Behesht Palace
Construído por volta do ano 1700 para ser o local de descanso do imperador e família, esse palácio ficava em uma grande seção dos jardins imperiais. Todo simétrico e com 20 cômodos, o que faze dele notável é o enorme espelho d’água de mais de 100 metros de comprimento na frente, o grande pavilhão de entrada sustentado por troncos de 16 metros de altura e a decoração interna. Só está aberta a visitação do térreo.
Das pinturas que ornavam as paredes, pouco sobrou mas da para se ter bom ideia de como seria à época.

As pontes de Isfahan
São três pontes antigas sobre o Rio Zayanderud:
. Shahrestan, a mais antiga, construída entre o século 3 e 7, durante a época dos Sassanids, com incrementos no século 10. É bem graciosa e, atualmente, fica sob um lago de um parque, já que o rio foi desviado nesse local.
. Khajoo, construída em 1650, é a maior da três e a mais popular. Construção tem algumas características curiosas, pois foi projetada em dois andares, para passagem de animais e carroças por cima e pessoas por baixo, no meio dos arcos de sustentação. Os locais a usam não só como passagem, como também como ponto de encontro. Tem ainda a característica de receber grupos que vão cantar sob seus arcos, sempre com plateia garantida.
. Si-O Se, construída em 1602, com 33 arcos, também bem popular e fica na sequência de uma avenida que virou parque e área de pedestres.
Toda a margem do rio, dos dois lados , é um grande parque super aproveitado. Passamos por lá três vezes e sempre com muita gente.
Vale contar que a cidade se enfeita a noite e as luzes coloridas enfeitam ruas e praças.

Vank Cathedral - Igreja Ortodoxa Armênia
De repente encontramos uma catedral cristã no centro do Irã. Tudo tem explicação. Por volta de 1600 a Armenia foi invadida pelos imperadores Safavids e fizeram com os moradores de uma das cidades dominadas se mudassem para Isfahan. Logo os armênios construíram sua igreja que depois foi expandida para uma catedral. É pequena e tem a dimensão deu a igreja pequena, mas tem o simbolismo necessário.
Internamente é recheada de pinturas com passagens bíblicas e é bem bonita.
O espaço ocupado pela congregação é grande e tem dois museus - um bem interessante, com materiais e livros de cânticos e de oração históricos - uma área de formação, biblioteca e a administração.

Assim fechamos nossa estadia em Isfahan. A cidade com muitos parques e praças, com a população alegre e nas ruas e sempre nos convidando a visitar a lojinha deles. De que país vocês são? é o começo do diálogo. Brasil?! Venha ver os livros que eu tenho em português, para vender. Ou, vocês não se interessam por tapetes?. Ou, eu posso guiar vocês pela cidade pois sou guia. Mas tudo com muita graça e muita alegria e até certa inocência. Muito bom destino turístico.

Sétimo Dia

Saímos de viagem rumo a Yazd. Deserto para todo lado mas, curiosamente, algumas vilas foram passando e nos surpreendeu a quantidade de pequenos oásis que existem, afinal todas as cidades e vilas estão localizadas em oásis.
A paisagem nesse altiplano iraniano foi, por toda a nossa viagem, emoldurado por altas montanhas com os cumes cobertos de neve. De certa forma isso também explicaria a existência de tantos oásis nessa grande região.
Passamos por grandes empresas cimenteiras, por muitas indústrias de cerâmica, por siderúrgica e todos os agregados siderúrgicos ao redor, vimos centros de desenvolvimento de tecnologias etc.
No caminho fizemos parada em Naein.

Naein
Nossa parada em Naein focou em visitar o Jame Mosque, com construção inicial no século 8, com incrementos posteriormente. Alem de ser antigo, tem a curiosidade de ter sido construído sobre um antigo Templo do Fogo da religião Zoroastra, que já estava presente nessa região antes da chegada dos muçulmanos. Onde se fala que tinha esse templo Zoroastra, hoje passa um canal de água. A decoração interna e bem curiosa mas monocromática, já que é de Adobe. Vamos ver bastante dessas construções daqui para frente.
Há 150 metros dessa mesquita fica as ruínas de um castelo que se supõe ser do seculo1 ac, em função de sua arquitetura. Pelo estado que está, não é usado há muito tempo. Uma curiosidade!
As Torres de Vento também estão presentes nessa vila e tem até praça pública subterrânea com temperatura mantida a 18 graus ano todo, graças a elas.

Yazd
Esse grande oásis, referenciado por Marco Polo como muito receptivo, é uma cidade moderna com avenidas largas e a curiosidade de ter sido um grande centro da religião Zoroastra - depois da dominação islâmica foi autorizado a continuação da doutrina mas com pagamento de taxa extra, que só foi extinta em 1990 - que ainda é praticada mas em bem menor número.
A região histórica da cidade, onde estão quase todos pontos turísticos, é uma pérola. É tida como a maior cidade construída totalmente em adobe. Corredores estreitos, muitas vezes com arcos ou troncos de árvores escorando as laterais para não caírem as paredes, é ainda a residência de muita gente e abriga pequenos hotéis e restaurantes, bem charmosos e curiosos por manterem as características tradicionais e históricas dos imóveis. O motivo por ter resistido tanto tempo é que esse oásis ficava há 7 dias de qualquer das grandes rotas comerciais e deslocar exércitos pelo deserto para conquistar esse pedacinho de terra nada estratégico seria muito custoso.
Por conta das temperaturas extremas do verão, a cidade conta com incontáveis Torres de Vento, especialmente na área histórica, e desenvolveu estrutura de aquedutos por canais subterrâneos de água com 80km de extensão e mais de 2.000 poços. Visitamos alguns e nos impressionamos em ver como corre água!

Jame Mosque
Construído no século 12, é a mesquita iraniana com os mais altos minaretes. É de construção elegante e reconhecida pela decoração em mosaicos. Olhando as fotos parece ser tudo azulejo, mas diria que um terço da decoração é de mosaicos. Nada tão elaborado quanto os dos jardins e casas romanas antigas..
Tem o desenho típico de um quadrilátero e pátio interno. Curiosamente tem um acesso para o Zarch Qanat, planejado para ser o local onde os fiéis se lavariam para entrar no templo.

Zarch Qanat
É um longo aqueduto subterrâneo, construído de forma rudimentar desde o século 3 e com expansão ao longo dos séculos até o tamanho atual de 80km de extensão e mais de 2.000 poços. É reconhecido pela UNESCO como World Heritage.
Visitamos diversos desses poços. O acesso se da por escadas inclinadas e, em geral, estreitas. Há acessos para o público em geral, que atualmente estão fechados pois a água já é distribuída por encanamento, e há os acessos privativos nas casas dos comerciantes ricos da época.
Os canais construídos praticamente à mão, não tem mais de sessenta centímetros de largura e mal cabe uma pessoa em pé - tem que ser baixinho e magro para essa função!

Templo do Fogo - Zoroastra
E então encontramos Zarathustra, que por volta de 1.750ac fundou a primeira religião monoteísta, com conceitos bem definidos de bem e mal, salvação no final dos tempos e muitos outros conceitos que seriam adotados por outras religiões.
No ano 300ad os imperadores Sassanids adotaram o Zoroastrismo como religião oficial e até hoje há parcela da população que segue a religião, especialmente nessa área do Irã.
Fomos visitar o Templo do Fogo e sede da religião na cidade. Nada de ostentação e a curiosidade é a manutenção de chama acesa ininterruptamente como chama guia para iluminar o caminho até o final dos tempos.

Torres do Silêncio - Zoroastrians’ Dakhmeh
Essa é outra curiosidade da religião Zoroastra, que foi praticado até meados do século passado.
São enormes estruturas de pedra encasteladas no alto de uma montanha, onde são colocados os mortos após a total confirmação de falecimento, para serem consumidos pelos abutres. Posteriormente as ossadas eram enterradas. A prática se mostrou eficaz pois evitava à propagação de doenças.
Em Yazd tem duas dessas estruturas, próximas uma da outra. No sopé das montanhas ficava uma vila construída em Adobe, com alguns remanescentes ainda por lá.

Oitavo Dia

Área Histórica de Yazd - Construções em Adobe
Dia dedicado a explorar essa que ainda é a maior área de edificações em Adobe. Nessa grande área de ruelas que mal passam um automóvel, há diversas atrações turísticas que são a marca da cidade, tais como as inúmeras Torres de Vento que surpreendentemente refrescam as casas durante o verão, as casas de comerciantes e seus acessos aos canais de água e outros que exploramos a seguir.

Dolat-Abad Garden
Situado no coroação da área histórica, esse jardim tem muros como de uma fortificação, mas o seu interior tem um enorme jardim com duas edificações na pontas conectadas por um espelho d’água com pequenas fontes ao longo dele. Ladeando os corredores laterais do espelho d’água há canteiros de laranjeiras, oliveiras, damascareiros, ciprestes, vinhedos a moda antiga e outros. O perfumes de vento das laranjeiras domina o jardim (aliás esse também será o mote dos próximos jardins que iremos visitar).
Na edificação principal tem uma Torre de Vento tão eficiente que ventila e refresca toda a casa - na parte externa não tinha vento algum mas essa construção criava circulação de ar fresco.
Na outra edificação havia uma iraniana tecendo tapete. Ou melhor, dando nós que irão formar o tapete - lembram? 50 a 60 nós por polegada quadrada. Isso é que é passatempo!

Khan Bath House - Casa de Banhos Historica
Essa antiga Casa de Banho está muito bem conservada e hoje é um hotel/restaurante. Bem interessante ver essas construções antigas e imaginar a sua dinâmica.
Naturalmente que havia acesso ao Qanat!

Ziai-ye School - Alexandre’s Prision
Essa escola foi construída em 1325ad, está bem mantida e continua sendo escola.
Tem essa forçada de barra, sem qualquer comprovação, de que nesse local seria o local onde Alexandre o Grande ficou preso, lá pelos idos 330ac.

Tourist Library Viewpoint
Essa biblioteca pública resolveu ganhar um dinheirinho extra e da acesso à cobertura da casa para ter uma Boa Vista da área histórica mediante pagamento de módica quantia.
A vista é privilegiada e da para ver diversas Torres de Vento, marca registrada da cidade.

Mausoleum of Seyyed Rokn Al-Din
Esse mausoleum feito de adobe e vizinho de uma mesquita pequena localizado na principal praça da área histórica são um belo exemplo desse tipo de construção ancestral.

Setti Fatemeh Mausoleum
Construído no século 15 por uma princesa Safavid para ser o mausoléu dela e do marido. É bem imponente e fica em praça central de Yazd. No dia em que estivemos lá estava havendo manifestação pacífica contra a política americana de bloquear e sufocar a economia do país.
Junto ao mausoléu estava estacionado um enorme Raquis, que vem a ser um enorme andor com significado religioso e que precisa de mais de 100 pessoas para carregar (segundo o guia).

Nono Dia

The Water Museum
Essa casa histórica que abriga o curioso Museu da Água e explica com detalhes sobre a construção dos Qanat, o extenso aqueduto que supre a região com água potável.. Mostra também detalhes de como os antigos armazenavam gelo retirado dos glaciais próximos para garantir suprimento de água potável nas estiagens.
Tem uma boa mostra dos equipamentos rústicos utilizados para a construção do aqueduto.

Caminhando pela Cidade Histórica de Yazd
Voltamos à área histórica para caminhar por ela e curtir as construções. Entramos em cafés e pequenos hotéis para ver as restaurações e, em um deles fomos acompanhados por um gerente entusiasta que mostrou muitas curiosidades das construções antigas, entre elas o detalhe das portas externas das casas com dois instrumentos de bater na porta e que produzem som diferente: um mais agudo para mulheres, que serão atendidas apenas por mulheres, e outro de som grave para os homens, que também só podem ser atendidos por homens.

Lariha House - Casa Histórica
Tem uma curiosidade a mais, que é a sala dos espelhos e foi mantida como as mulheres do antigo morador se mantinham atualizadas com os modernismos ocidentais, demonstrado nas inúmeras fotos de modelos e revistas grudados nas paredes e teto. As mulheres, quando entre elas e em locais exclusivos para elas, sempre se mantém na moda.

Old Bazaar
O bazaar de Yazd segue a mesma dinâmica dos outros bazares mas teve duas curiosidades: ser muito organizado e de cor clara e ter muitas lojinhas de venda de joias, a maioria pulseiras de todo jeito e largura.

Décimo Dia

Dia de chuva constante, às vezes forte, que nos acompanhou na viagem para Kerman. Mesmo sendo uma região desértica, a água não era absorvida pelo terreno e escorria em direção da estrada, maioria das vezes por canais mas vez ou outra tentava escapar e invadir a estrada.
No caminho fomos vendo muitas plantações de um tipo de arbusto, tudo seco mas bem alinhados e cuidados, sem mato ao redor. Soubemos que eram plantações de pistache. O Irã é o segundo maior produtor do mundo, com 35% da produção total. Essas plantações nos acompanharam nos mais de  1.000 km que rodamos.

Kerman
É uma cidade rica, com muitas indústrias, refinarias, cimenteiras e a segunda maior mina de cobre do mundo.
Bem organizada, com avenidas largas e movimentada, observando o padrão iraniano de se organizar.

Jame Mosque
A principal mesquita da cidade, construída no século 14 e com diversas expansões nas dinastias subsequentes, tem entrada bem enfeitada e com um enorme relógio em cima do pórtico principal, o que não vimos em nenhuma outra mesquita. Aliás, essa cidade tem grandes Torres de relógio em outros lugares também.
A decoração é caprichada, com bonitos mosaicos e azulejos decorados com os motivos simétricos islâmicos.

Eman Mosque
Construído no século 11, tem um acabamento em tijolo cozido na parte externa da principal construção da mesquita e com os salmos escritos em relevo por toda a borda do pórtico, sendo boa parte original. O restante do quadrilátero, decorado mais recentemente, tem aplicações de azulejo e mosaico com motivos típicos islâmicos.

Old Bazaar
Esse antigo bazaar tem areas muito bem recuperados e bem mantidas as características para acolher as caravanas de mercadores, com espaços para acomodar muitas tropas. Mas tem uma área que não é utilizada há muito tempo e está bem judiada.
De qualquer forma, a área mantida e em uso está um brinco, com jardins e tudo mais.

Hamman-e-Ganjali-Khan (Bath House)
Essa casa de banhos que está instalada no meio do Old Bazar, foi criada pelo governante local entre o ano 1005 e 1032ad. Os azulejos internos e algumas pinturas de parede estão muito bem mantidas.
Para dar uma melhor visão de seu uso, os ambientes foram decorados com manequins vestindo as roupas da época e nas funções típicas de uma bath house.

Décimo Primeiro Dia

Rayen Citadel (Mahan)
Situado na vila de Mahan e há 100km de Kerman, esse forte com mais de 1.000 anos de história, foi uma das boas surpresas da viagem. Os registros históricos indicam ter sido centro de fabricação de facas e armas.
Essa cidade murada é considerada a maior estrutura em adobe do Irã, quiçá do mundo. As altas muralhas estão bem conservadas mas o interior está com muito poucas construções como as originais, com exceção da área residencial do governante, que é uma fortificação dentro do forte, que já teve um bom esforço de restauração.
É super interessante e o visual externo, com as montanhas nevadas nos dois lados desse grande vale desértico cria um visual de contraste.

Baghe Shahzadeh Garden (Mahan)
Esse enorme jardim murado no meio do deserto de 5,5 hectares é outra curiosidade. Construído por um príncipe da dinastia Qatar no século 19, impressiona pelas enormes árvores - plátanos, carvalhos, cerejeiras em flor - e a quantidade de sucessivas piscinas que descem a montanha em pequenas cachoeiras com muita água.
Tem duas construções principais. A de entrada na parte baixa, de dois andares e varias quartos e o palácio principal, na outra extremidade das piscinas, que era onde o príncipe ficava.
Pelo cuidado e a boa manutenção merece a classificação UNESCO World Heritage que tem. Os iranianos são muito bons em jardins e parques e esse no meio do deserto é surpreendente.

Shah Ne’matollah Vali Tomb (Mahan)
Esse mausoléu desse príncipe poeta entrou na lista mais por estarmos por lá. De adobe como tudo por essa região, é simpatiquinho mas considerando a importância histórica que esse lado do mundo deu aos poetas, não deixa de ser uma curiosidade.

Décimo Segundo Dia

A viagem de Kerman a Shiraz com os seus 590 km de distância foi o percurso mais longo que fizemos. Nos 200 km iniciais havia muito movimento de caminhões e carros já que compartilhava a rota que liga com o porto iraniano no sul do Golfo Pérsico. Muitas fábricas, siderúrgicas, refinarias, cimenteiras e até fábricas de barcos e lanchas militares. Os proximos quase 200 km, sempre em estrada com boa pavimentação, só deserto e poucos oásis com pequenas cidades e vilas. Os 200 km finais, já acompanhando a sequência de grandes lagos salgados, muita agricultura e cidades de novo com movimento.

Shiraz
A história passa por aqui. Na antiguidade Pasargada e Persepolis, por toda história guerras, rota da seda, capital do país e origem da uva Shiraz que produz vinho mundo afora menos lá, por ser proibido pelas leis do país.
Cidade rica, com universidades respeitadas, mercado super ativo e pessoas muito religiosas.
Muita coisa para ver e foi um desafio cumprir a extensa lista.

Forte de Karim Khan
Karim Khan foi o príncipe governante do século 19 que foi bem marcante para Shiraz, tendo feito muitas construções, obras e madrasas (escolas religiosas) junto a mesquitas.
Essa cidadela era a sua moradia. Bem mantido só as muralhas já que seu interior foi bem danificado na revolução que tirou a dinastia Pahlavi do poder em 1979. Vai chão para recuperar a estrutura interna, mas vale a visita e ver o Fausto das instalações. Ou como seria!

Eram Botanical Garden
Jardins construídos na época Safavid, estavam abandonados até a pouco tempo quando a Universidade de Shiraz assumiu a sua gestão e o transformou em jardim botânico e campo de desenvolvimento de estudos para seus cursos. Aos poucos estão recuperando sua majestade.
A construção principal é muito elaborada, com belo acabamento externo. A parte interna e o antigo pátio interno não está aberto ao público, só mesmo duas salas onde estão as infalíveis lojinhas. Mesmo essas com muito bem elaborado teto todo trabalhado.

Mausoleum do poeta Hafez
Hafez é o poeta lírico mais celebrado da Pérsia e viveu no século 14.
É muito interessante como os poetas são celebrados no Irã.
No caso de Hafez, sua tumba fica no meio de um enorme e bem cuidado jardim e sua popularidade nos impressionou.
O túmulo propriamente dito fica em baixo de pequena construção circular elevada e, no período em que ficamos lá, era o ponto de encontro de muitas senhoras iranianas de Shiraz, que marcavam o ponto de encontro ao lado do túmulo, aproveitando para orar e também para atualizar a conversa.

Décimo Terceiro Dia

Pasargada
Lá está o túmulo de Ciro II, o grande imperador persa que em seu reinado de 559ac a 530ac conquistou boa parte da Ásia Central. Uma duas pedras a mais, da época.
Há quem questione se é mesmo de Ciro, mas há registros que confirmam ser dele mesmo.
Naturalmente já foi saqueado e os muçulmanos não o destruíram quando conquistaram a Pérsia no final do século 7, porque os guardas falaram que era o túmulo da mãe do Rei Salomão.

Naqsh-e Rostan - Túmulos Imperiais Achaemenid
Sensacional esses 4 enormes túmulos dos imperadores da dinastia Achaemenid, esculpidos entre 486bc e 400bc.
Dário I, seu filho Xerxes, o neto Artaxerxes I e bisneto Artaxerxes II foram enterrados ali.
Em uma enorme encosta de pedra foram esculpidos os quatro túmulos. No local já havia um painel esculpido por governantes Elamitas por volta de 700ac.
Adicional aos túmulos há enormes painéis esculpidos pelos primeiros imperadores dos Sassanids, no século 3ad.
Tem uma edificação à frente dos túmulos que ficou conhecido como O Cubo Zoroastra, imaginando que ali haveria um Templo do Fogo, já que os Sassanids haviam adotado o Zoroastrismo como religião oficial da Pérsia, mas recentes estudos aventam a possibilidade de ter sido um ossário.
Acho que as fotos dão uma ideia da grandiosidade e como estão bem conservados. Bem, o túmulo de Xerxes está sendo restaurado, mas não atrapalha o show que é esse site.

Naqsh-e Rajab - Baixos Relevo Sassanid
Na montanha oposta aos túmulos imperiais há 3 grandes painéis esculpidos pelos imperadores Sassanid.
Eles ficam à beira da estrada que leva a Persepolis, há 3 quilômetros do local.
Muito legal ver in loco essas demonstrações artísticas de épocas tão remotas. Mais legal ainda vê-las bem conservadas.

Persepolis
Espetacular!
Achávamos que iríamos encontrar um sítio de pedra sobre pedra do que teria sobrado da cidade criada por Dário em 518bc e depois aumentada pelos descendentes dinasticos até Dario III (que foi vencido por Alexandre, o Grande em 330bc).
No enorme sítio também estão os túmulos de Artaxerxes III e Dário II, nos mesmos moldes dos antecessores.
Há muitos painéis e enormes estátuas no sítio. Está muito bem organizado. O Harém de Xerxes foi reconstruído seguindo os desenhos da época, com portas esculpidas em pedra de figuras imperiais e colunas vermelhas em seu interior. No mesmo local está o museu de lá, com peças interessantes.
O que queremos dizer é que não levaram tudo para os museus ingleses, americanos e franceses. Tem muito o que ver em Persepolis.
Vale dizer que a planície que se abre à frente do enorme conjunto e fértil e toda plantada com cereais.

Naranjestan Museum
Como vida de turista não é fácil, depois da viagem no tempo pelos sítios acima, na volta a Shiraz continuamos a nossa peregrinação pelos incontáveis pontos turísticos da cidade.
Construído por volta de 1880 para ser palácio para negócios de estado - administrativo e militar - atualmente foi transformado em museu e é mantido pela Universidade de Shiraz.
Os jardins são um primor e a casa principal tem decoração primorosa, com salas de espelho e pinturas nas paredes e tetos das demais salas com motivos florais, humanos, construções e animais com muito colorido, sendo reconhecido como arte islâmica típica da região no final do século 19. É muito colorido e delicado.

Mausoleum of Saadi
Os poetas são muito reverenciados por aqui. E os parques em volta de seus túmulos são jardins muito cuidados.
São ponto de encontro dos iranianos. Há turistas também mas o dominante são os locais.

Décimo Quarto Dia

Khan School
Começamos o dia visitando essa antiga escola construída no século 16. Atualmente este conjunto com 70 salas é reconhecido como uma relíquia nacional e não é mais usado como escola.
É bem bonito e tem decoração de azulejos com motivos florais e pássaros, que encontramos principalmente aqui em Shiraz.

Nasir-al-Molk Mosque
Essa é uma visita obrigatória quando em visita à cidade e no período de 8:00 até 11:00 horas da manhã, quando a luz do sol projeta o colorido das janelas dentro do mesquita.
Éramos nós e mais um monte de turistas disputando espaço para uma boa foto. Tem pessoas e famílias que vão cedo e ficam ali admirando o caminhar da luz por um bom tempo. Mas tem turistas que vêm para as fotos e tem até quem fica fazendo poses e selfies sem fim, junto às janelas.
O interior da mesquita é muito bonita e decorada, com colunas torneadas e teto todo ornado com decoração de azulejos florais e detalhes com imagens de outros templos.
Na parte externa a decoração é muito bonita, com um grande espelho d’água ao centro e as laterais dos edifícios enfeitados com azulejos decorados. Uma beleza!

Atiq Mosque
O prédio principal dessa mesquita foi construída no ano 894. É o mais antigo de Shiraz. Recebeu adendos no ano 1351 e foi mantido e restaurado por diversas governantes.devido a danos causados por terremotos.
Vale um destaque ao incomum local de lavar pés e mãos, localizado ao centro do pátio, com torreões em cada canto e colunas nas laterais. Adicionalmente tem uma faixa de azulejos com salmos do Corão na parte de cima. Construção como este, só nessa mesquita.
Contíguo à essa mesquita está o Templo Sagrado Shah Cheragh.

Shah Cheragh Shrine
O Atik Mosque se conecta a esse templo por um grande portal. Para entrarmos nesse templo sagrado e com muito significado para a religião islâmica, já que nele estão os túmulos de 3 mártires, a Veva teve que vestir um roupão especial para turistas femininos. Ficou ótima e enfeitou as fotos!
Brincadeira a parte, esse templo é enorme. É o segundo maior do Irã e tem decoração inusitada. Para receber estrangeiros há um voluntário falando bom inglês, que nos guiou aos locais permitidos e nos deu todas explicações sobre o templo e sua importância.
A decoração interior das áreas de orações, que nós só pudemos chegar até a porta, são toda revestidas de espelhos em forma de mosaicos formando desenhos às vezes coloridos de florais ou geométricos. Os lustres são super elaborados e de cristal. Em alguns ambientes as lâmpadas são verde, cor do Islã, projetando o verde para o ambiente. O efeito geral é belíssimo.
Os túmulos dos mártires são cercados por estrutura de mármore e prata, sendo possível ver o túmulo de mármore no interior. Assistimos que são muito reverenciados e o guia nos contou que há peregrinação constante ao templo.
O portal e as portas de entrada nas salas onde estão os mártires são trabalhadas e em ouro.
Não vimos as excursões visitando esse templo. Só casais de turistas como nós ou turistas sozinhos.
Na despedida o guia estendeu a mão para se despedir dos homens mas para as mulheres fez uma reverencia, já que não pode tocar nelas dentro do templo! Temos que entender e respeitar as práticas de cada religião e ambiente, não é mesmo?

Seyed Alaedin Hossein Shrine
Também nesse templo a Veva teve que usar um outro charmoso lençol sobre o corpo. A curiosidade foi que a entrada de mulheres era rigorosamente feita separada dos homens. No pátio todos se encontram mas ao entrar no templo, de novo, mulheres para um lado e homens para outro.
Esse templo também é todo decorado com espelhos em mosaico e lustres de cristal. A curiosidade é que havia indivíduos orando, ou grupos de estudo analisando os textos do livro sagrado Corão. No lado das mulheres havia mães com crianças e até estavam comendo dentro do templo.
A parte externa é de arquitetura muito bonita e decorada com azulejos e mosaicos.

Vakil Bazaar
Na verdade são 5 bazares interconectados na região do Vakil Mosque. Eles têm o desenho semelhante ao bazar de Kerman, com diferentes pátios com lojas a sua volta e espelho d’água ao centro e que se conectam por corredores com lojinhas dos dois lados, em uma longa sequência. Os mais antigos são mais enfeitados, mas o mais curiosos é a gama e quantidade de produtos oferecidos. Vai uma especiaria?
E muita gente. Turistas e locais. E os locais compram bastante nesses bazares.
Não posso esquecer de comentar do momento sorvete de rosas com sorvete de coco e regado a molho de limão. Uma delicia essa especialidade daqui. E tem fila grande para conseguir o seu!

Vakil Mosque
Essa grande mesquita foi construída por Karim Khan, o mesmo que construiu o forte que visitamos na chegada a Shiraz.
Com decoração externa de belos azulejos com florais com mármore trabalhado na parte inferior e o interior é de um sem fim de colunas torneadas à mão. Só a cobertura do corredor central do interior é adornado com azulejos. Chama atenção a escada de uma única peça de mármore, de seis metros de comprimento,que leva ao local do orador das rezas.
Como no cristianismo, todo rei ou imperador deixa marca construindo um templo.

Vakil Bath House
As casas de banho são sempre uma curiosidade. Ainda mais como essa, que está montada como deveria ser o uso dos espaços da mesma. Tem o massagista, tem o médico, tem o dentista, tem até atleta e atleta trainee! Tem também o espaço das mulheres e lá está uma noiva sendo enfeitada pela mulheres da família para o casamento! Muito curioso.
A decoração é primorosa e as pinturas e afrescos mostram cenas de contos iranianos.

Décimo Quinto Dia

Jahan Nama Garden
Esse belo jardim é reconhecido como um dos mais bonitos de Shiraz desde antes da invasão Timurid, no ano 1294.
Há menção quanto a boniteza dele em registros de todas as dinastias seguintes. Com espelhos d’água e fontes, ruas ladeadas por laranjeiras e grandes quadrados com grama, flores e árvores diversas. Ao centro uma construção de 1752, que hoje é um pequeno museu.

Portal da cidade
Fomos até o Quran Portal, que é o portal da cidade. Porém, por ser sexta-feira (que é como nosso domingo), as escadas que levam morro acima e permitem uma vista geral da cidade estava fechada!

Farewell lunch
Último dia de viagem de carro e o nosso motorista nos levou a um restaurante chique, em bairro chique com grandes casas, ruas particulares e etc.
Turistas só nós dois!
Queríamos só uma saladinha, mas não deu para resistir às mezes, aquelas deliciosas pastinhas típicas feitas de azeitona ou beringela e típicas da comida persa, que fazem qualquer salada ficar espetacular. Uma delicia!
Dali seguimos ao aeroporto para voar para Teerã.

Décimo Sexto Dia

Teerã
Aqui estamos de volta para fechar essa espetacular viagem e para as últimas visitas de ambicioso programa montado pela empresa de turismo iraniana que contratamos via internet.
Programação leve já que na próxima madrugada voaremos para Istanbul e de lá para o Uzbequistão.

Golestan Palace
Esse conjunto de palácios foram inicialmente edificados por volta de 1550, durante o início da era Safavid. Receberam melhorias durante as próximas dinastias e durante a era Qatar (1795 a 1924), foi a residência oficial da família real.
Era cercado por muralha e fazia parte da cidadela real.
É um espetáculo de salas enfeitadas de espelhos em forma de mosaico, rico mobiliário e tudo o que se esperar de um moderno palácio de 1.001 Noites. Sala do Trono que se abre para o jardim com o sempre presente espelho d’água. Outra Sala do Trono externa para descanso real. Sem falar na elegante e enorme Sala do Trono para grandes recepções.
As paredes externas são todas pintadas com motivos florais bem coloridos. E os prédios gêmeos de 4 andares  que eram as moradias reais, eram considerados um feito arquitetônico na época.

Grande Bazaar de Teerã
Esse foi o mais caótico e movimentado bazar que estivemos nessa passagem pelo Irã. Talvez por ser o horário do almoço. Talvez seja assim mesmo todo o dia. O fato é que tinha gente que não acabava mais e todos com pressa cortavam nossa frente ou ficavam entre nós e logo tínhamos que nos organizar para nos reunir. E éramos nós dois e o motorista ( vale contar que o motorista que nos atendeu no último dia de nossa viagem não falava uma única palavra em inglês).
Aqui também vale o destaque para a área onde vendem joias. Meio separado do resto do bazar, com portas especiais e lojas distribuídas em dois andares, com milhares de pulseiras, anéis, colares e etc e pouquíssimas clientes.
O motorista nos levou para almoçar em um restaurante dentro do Bazar. Tinha fila na entrada e só iranianos. Aliás ninguém falava inglês, com exceção do dono que foi chamado para as devidas traduções! Como estava lotado, nos puseram ao lado de uma mesa em que os clientes pareciam estar no fim e já os avisaram que tinha novos clientes esperando, no caso éramos nós mesmos! Claro que quando estávamos quase acabando o almoço fizeram o mesmo conosco. Uma delicia de comida! Quando saímos a fila estava bem maior de que quando entramos.

Farewell
Fechando a estadia, depois que voltamos para o hotel, resolvemos caminhar pela vizinhança, ver a vida local e achar cartões postais para complementar nossa coleção.
Encontramos uma padaria tradicional e entramos para ver fazerem pães. Os padeiros acharam graça e nos convidaram para ver fazer a massa, como colocavam no forno e como retiravam. E, em um ato de extrema simpatia, fizeram um pão especial para a Veva, em forma de coração.
Seguindo o passeio, paramos em uma livraria super transada, com decoração de fazer inveja em qualquer lugar sofisticado do mundo e com um ótimo café e doces. E por falar em doces, quando voltava,os para o hotel paramos em uma doceira que tinha fila e muita gente entrando e saindo e enfrentamos a fila e nos demos muito bem - doces excelentes e esse foi o nosso jantar de despedida! Bem gordinhos! E felizes por essa fantástica estadia no Irã.

Décimo Sétimo Dia

Acordamos as 2:00am e seguimos para o nosso voo as 6:40am rumo a Istanbul. De lá seguimos para o Uzbequistao no mesmo dia. Mas essa é um outro capítulo de viagem.

Outros comentários de nossa passagem pelo Irã
Como eles dirigem carro : não sinalizam que vão virar direita ou esquerda; param em qualquer lugar e até em fila dupla; a maioria dos semáforos ficam no amarelo piscando para orientar passagem com cautela; atravessar a rua é uma aventura sempre e procurávamos um iraniano atravessando a rua e logo o seguia para atravessar na cola dele.

Ruas e avenidas largas com pouquíssimos carros em algumas cidades. Muitos lugares tem passagem de nível com viadutos ou túneis e o trânsito, de forma geral e apesar de ser meio caótico, flui bem.

Ruas sempre arborizadas com canteiro central florido sempre muito bem cuidadas.  Muitas rotatória e praças com estátuas e obras de arte sendo algumas de gosto duvidoso. Muitas praças com Torres de relógio.

Muita iluminação colorida a noite. O Japao e China ficam muito a desejar.

Crianças já nascem com a feição do pai ou seja muitas meninas têm traço masculinos. Não tem criança bonita.

Na região mais perto do Paquistão e Afeganistão as feições mudam e eles se parecem com os árabes do deserto. Até as roupas são diferentes, mais enfeitadas e coloridas e nosso motorista nos disse que eram mesmo do Afeganistão.

As jovens cobrem a cabeça sem muita convicção religiosa, muita vezes o lenço é só um adereço para dar charme. E muitas jovens passeiam com esparadrapos no nariz, mostrando que fizeram a desejada plástica no mesmo, sonho de consumo da mulherada iraniana - há quem diga que algumas colocam os esparadrapos mesmo sem fazer a plástica .

Os turistas são um caso especial de mal gosto para se vestir. Lenço preso com grampo, chapéu, viseira, enfim vale tudo.

Turistas alemães, franceses, espanhóis e sempre em grupos com guia.

Arquitetura moderna de gosto duvidoso e muitos prédios novos. O elevador toca música quando fecha a porta e fala o número do andar em persa.

Quase ninguém fala inglês, os jovens estão começando a falar e ficam a procura de turista para poder treinar o ingles.

Tem cafés e pizzarias bem modernas o que é ótimo pois não temos que comer kebab todos os dias.

O conceito de hotel 3/4/5 estrelas é relativo, ou seja eles não sabem o que é classificação estrela já que o turismo é recente no país(começou ser liberado em 2007).




quarta-feira, 26 de julho de 2017

Nicaragua - Leon Fevereiro 2017

Nicarágua Leon Fevereiro 2017
Oi turma
E lá fomos nós para mais uma viagem pelas estradas da América Central. Deve-se dizer que a Nicarágua tem feito um bom trabalho de manutenção de suas estradas, se comparado com os demais países da America Central. Agora a secura depois que sai da influencia do Lago Nicaragua é impressionante. Não tem agricultura que se desenvolva em terra tão seca.
Nesse percurso contratamos um táxi para ir até Leon, cidade que foi a capital da América Central durante o período colonial e que foi também sede do arcebispado de toda região e reconhecida por ser a mais intelectual e “progressiva”, com histórico de ter sido o barco de muitos movimentos políticos. Só não continuou como capital por estar em cima de uma falha geológica que provoca tremores com alguma frequência, o que levou a transferirem a capital para Managua por volta de 1800. Vale dizer que a linha de vulcões perto da cidade de Leon se estende até Managua, que também sofre com tremores de terra, sendo que o último grande terremoto foi em 1972. Bem, tem vulcões desde a Costa Rica até a Guatemala!
O grande destaque de Leon são a enorme catedral em área, não em altura, e as igrejas antigas, na maioria restauradas e muito bem decoradas em seus interiores. Claro que sofreram com os terremotos causados pelas sucessivas erupções de vulcões (por azar nosso, um deles não muito longe de Leon, parou de soltar lava uma semana antes de chegarmos), mas foram restauradas. Prédios antigos que eram sede do arcebispado, hoje se transformaram em escolas.
León também é sede de universidades e a sede de uma delas, no centro, tem uma fachada muito bonita.
Como sempre, andamos bastante pela cidade e quando fomos visitar a igreja do Calvário, fomos um pouco mais longe e chegamos a uma avenida com casas e distribuição muito parecida com as casas de colonial de fazendas antigas do interior de São Paulo.
A cidade tem um mercado muito bem organizado, certamente o mais bem estruturado da América Central. Dividido por áreas, com boxes bem delimitados, os comerciantes vendem de tudo, ate jóias! As frutas e legumes são ótimas e as iguarias vendidas para consumo local ou levar para casa são de dar agua na boca. Que tal um lagarto, dos grandes? Não, não experimentamos e não encontramos restaurante que oferecesse tal iguaria!
Também demos uma esticada até a praia Paneloya, no Pacifico. Praia Grande de mar bravo e poucos banhistas se arriscando a por o pé na agua, inclusive nós. Ficamos em um restaurante a beira mar ajeitado, com bebida e comida razoável e fizemos caminhadas bem gostosas. Dia de descanso, preparando para a próxima viagem de Shuttle para Utila, em Honduras.

Ate la 

Nicaragua - Isla Ometepe Fevereiro 2017

Nicarágua Isla Ometepe Fevereiro 2017
De Granada seguimos para a Isla de Ometepe, como sempre de Shuttle van em mais uma viagem de 4 horas pelos interiores do país. Passamos pelo lago de Apoyo e nessa área passamos por muitas plantações de café - aqui o café se planta em áreas sombreadas - plantações de flores e frutas, como manga, que se come verde! Depois entramos em uma planície com extensas plantações de cana de açúcar ( ou para Rum!), e pastagens bem sem vergonha para gado. A Shuttle nos deixou no porto onde embarcamos de ferry para a enorme Isla de Ometepe com seus dois enormes vulcões - um ativo - no meio do enorme lago Nicarágua. A viagem de ferry ja é uma aventura, com muitos turistas e locais disputando espaço, ja que não tem lugar para todos. Alguns viajam em pe, no meio das mercadorias, outros vão sentados no chão e assim cruzamos o enorme lago, sem problemas. 
Do Lago Nicaragua vale contar que sempre foi um elo de ligação do interior do pais com o Mar do Caribe, ja que dele sai um rio rumo ao oceano Atlantico. No passado foi utilizado pelos piratas para entrar e saquear o anterior - nem so de vantagens vive o mundo! Recentemente um bilionário chinês convenceu o presidente da Nicarágua para utilizá-lo para construção de um novo canal ligando o Oceano Pacifico com o Atlântico - segundo nos disseram, o lago não tem profundidade para receber navios e, como solução, terão que ficar dragando o canal por onde passarão os mesmos. Teme-se que será um enorme desastre ecológico e social destruindo o meio de subsistência dos milhares de pescadores que vivem à beira do lago. 
Voltando à viagem, o visual é espetacular. Desembarcamos em Moyogalpa, a maior vila da ilha com mais de 10.000 habitantes e concentração de hostels para mochileiros. Pegamos um taxi e seguimos para nossa pousada, tão bem recomendada e baratinha! Viagem bonita circundando o vulcão Conception, que tem 1.650 metros de altura, passando pelo istmo que liga os dois vulcões e seguindo ao redor do vulcão Madero, que tem 1400 metros de altura. La chegando entendemos por que o hotel era tão barato: Eram casinhas de madeira sem janelas e com duas camas beliches cada, banheiro compartilhado perto da casa comunitária, redes penduradas nas arvores e, o que era especialmente bonito, uma praia muito gostosa que era a única coisa que salvava. Zecão teve chilique e de lá já marcou o melhor hotel da ilha para lagar mão de ser sovina! Uma delicia! 
É uma ilha bem grande com seis povoados ao redor, com população total de aproximadamente 40.000 pessoas. Passamos em várias vilas e todas com escolas e alunos uniformizados, mercados e se desenvolvendo para receber o crescente número de turistas. 
Fizemos alguns passeios belíssimos. Alugamos bicicletas no hotel e fomos em busca dos petroglifos encontrados em diversas áreas da ilha, feitos pelas populações pré colombianas, com datações variadas - encontramos alguns bem interessantes e super elaborados e que vem sendo melhor protegidos das ações do tempo. Passamos por alguns bosques com enormes arvores Ceiba, que é prima das nossas paineiras e faz muito sucesso em toda America Central. Fomos as deliciosas piscinas naturais Ojo De Agua, enormes e impressionante por sairem do nada - tem uma super estrutura no local, com restaurante, bar, cadeiras e espreguiçadeiras e esta bem cuidada. Claro, um monte de turistas aproveitando o dia quente naquelas aguas cristalinas e geladinhas. 
O ponto alto da estadia, literalmente, foi a caminhada ate o topo do vulcão Madero. Visuais espetaculares, mata bonita, muita gente e muita lama e uns bons tombos que fizeram quebrar o celular/maquina fotográfica.
Adoramos essa parte da viagem e foi um dos pontos altos da viagem.
Daqui seguimos para Leon, outra cidade histórica da Nicaragua.
La vamos nos de Taxi!!!
Ate la



Nicaragua - Granada Fevereiro 2017

Nicarágua Granada Fevereiro 2017
Viemos de avião da Costa Rica, passamos a noite em um hotel ao lado do aeroporto de Managua e seguimos para Granada, já que Managua ficou com praticamente nada de interesse para se visitar após a massiva destruição provocada pelo terremoto de 1972. A cidade ficou sem centro da cidade! No percurso ficamos impressionados com a secura do terreno e a pobreza local, semelhante ao interior seco do nosso Nordeste brasileiro. A estrada era boa, como todas as estradas da Nicaragua, investimento governamental priorizado pela ditadura Noriega, que entendeu ser um diferencial para transporte de bens e pessoas. Bem melhor que a capitalista Costa Rica!
Granada é uma cidade colonial razoavelmente preservada, ao lado do enorme lago Nicarágua( o segundo maior lago natural da América Latina, suplantado apenas pelo lago Titicaca), onde estão adiantados os estudos de criar um novo canal ligando os oceanos Pacífico com o Atlântico (acho que vai ser um desastre ecológico tremendo, mas uma obra dessa envergadura sempre ajuda a encher os bolsos dos governantes).
Muito turística, ou melhor, com muitos turistas, Granada tem uma bela praça central com a catedral de um lado e com casarões ao redor e carruagens para passear com turistas, igrejas antigas e um casario bem mantido.  É tudo relativamente recente já que foram construídos depois de 1857, quando a cidade foi incendiada por mercenários comandados por um americano de nome Walker, que havia feito ali seu quartel general para controlar toda América Central e quando foi derrotado fez essa despedida insólita da cidade. Em termos de estrutura para turistas, hotéis charmosos, restaurantes bons e animados, bares e lojinhas completam esse simpático destino turístico.
As principais atrações ao redor da cidade são:
1. a cratera do vulcão Masaya, que desde de dezembro de 2016, tem uma piscina de lava incandescente que se vê de um beiral com mureta baixa- são 60 visitantes de cada vez com 15 a 20 minutos no local e 1:30hs na fila de espera. Mas vale muito a visita. Afinal quando se tem a oportunidade de praticamente entrar em uma cratera de vulcão e ver a caldeira a mil e cheia de lava!
2. O lago Apoyo, que é uma cratera de vulcão preenchida de água muito limpa, grande como uma represa e com casas e hotéis em toda sua volta. Nos disseram que são os terrenos mais caros do país.
3. As 360 ilhas do lago Nicarágua, do lado da cidade, onde fizemos um passeio de barco até um clube com piscina, bar e salão de festas. As ilhas são ocupadas ou por pescadores que ali estão a muitas gerações , com casas simples, ou por pessoas ricas de Managua, com casas suntuosíssimas, com barco na porta e etc. A casa da ex presidente Chamorro ocupa duas ilhas, em um projeto moderno bem interessante, ja que foi construída apoiada em duas ilhotas próximas e é possível passar de barco por baixo da casa.. 
Como sempre fazemos, fomos ao mercado da cidade, onde a vida real se desenrola. Barbeiros na rua, sapateiros consertando sapatos e botas, vendedores de tudo, lojas com tudo que se possa precisar e na parte de alimentação, todas as deliciuras preferidas dos Granadinos. Torresmo de porco com mandioca, repolho e molho vinagrete um pouco apimentado é o preferido do povo!
A paisagem é complementada pelo enorme vulcao Mombacho que oferece trilhas para quem quiser gastar energia!
Daqui seguimos para Ilha Ometepe, no centro do Lago Nicaragua. Mais um passeio de Shuttle seguido de ferry.

Ate la

Costa Rica - Rafting e La Fortuna Fevereiro 2017

Costa Rica Rafting e La Fortuna Fevereiro 2017
Oi turma
Primeiro dia, viagem com parada para diversão. 4 horas de Shuttle ate as margens do Rio Pacuare para fazer rafting e mais 4 a 5 horas para ir para La Fortuna, região famosa pelo vulcão Arenal e hot Springs.
O rafting no Rio Pacuare é famoso por ser um dos mais cênicos da America Central e, quando na temporada certa(outubro), tem ótimas e fortes corredeiras. Como estamos em fevereiro, tivemos que curtir o cenário, realmente muito bonito, passando por densa floresta, com alguns jungle resorts chiques, e espetaculares canyons. Com pouco mais de agua no rio o programa seria perfeito!
Do rio seguimos para La Fortuna, chegando a noite. Nos instalamos em um hotel na cidade, o que facilita se você esta sem carro alugado. Há vários ótimos hotéis fora da cidade e com a vantagem de terem suas próprias hot Springs, em geral muito bem estruturadas. O nosso hotel da cidade fazia parte de uma rede com hotel fora da cidade e aproveitamos a estrutura de hot spring deles, ja que no final de tarde faz um friozinho convidativo!
O Vulcão Arenal ficou famoso por ter soltado lava por mais de vinte anos e com isso atraiu muitos turistas. A cidade se organizou e hoje tem estrutura compatível com essa demanda, o que quer dizer bons restaurantes e bares e lojas e muitas atividades turísticas, mesmo que não tenha mais lava escorrendo pelo vulcão. Vale dizer que um bom desafio e ver o vulcão sem estar coberto de nuvens, o que praticamente conseguimos ver no primeiro dia, pela manhã.
Das ativadas turísticas disponíveis enfrentamos o Sky Line muito legal, voando no meio das floresta, sobre cachoeiras, com varias sessões, sendo a mais longa de 1.000 metros. Na saída passávamos por povoado indígena bem curiosa e interessante, com direito a apresentação dos costumes e danças, ja que a estrutura foi construída no território deles.
Fomos visitar uma plantação de cacau e fabrica de chocolate artesanal. Foi uma visita bem curiosa. A estrutura é pequena e em propriedade também pequena (imagine uma chácara com não mais que 2.000 metros quadrados, com metade plantada de cacaueiros e a outra metade com arvores frutíferas diversas, o galpão de preparação do chocolate e a moradia do proprietário. A visita começa mostrando as diversa plantas típicas da Costa Rica, como café, manga, cana de açúcar, bananeira e outras diversas, com direito a experimentar os frutos de todas elas. Depois veio a sessão de como preparar o chocolate, desde colher o cacau, passando pela torrefação, moagem e com direito a um chocolate quente no final, feito ali, na hora! Bem divertido!
Fomos também ao Parque das Pontes, que é uma bela caminhada pela mata preservada, passando por cachoeiras e look out muito bonito com vista para o Vulcão Arenal e o lago Arenal. Vimos um bando de quatis, alguns pássaros e floresta com arvores de bom tamanho e muito parecida com a nossa Mata Atlântica.
Daqui seguimos para Nicaragua, dessa vez de avião!

Ate la

Costa Rica - San Jose Janeiro 2017

Costa Rica San Jose Janeiro 2017
Ola turma
E la fomos nós para mais uma viagem de Shuttle Van. Seis horas de viagem para percorrer pouco mais de 200 km. Mas é a opção mais rápida de deslocamento, a não ser que alugue carro. Ai a viagem fica em 5 horas! Da para imaginar como é dirigir pela Costa Rica, ou melhor, pela America Central.
O percurso começa por uns 50 km pelo litoral, todo tempo com plantações de banana ou de abacaxi. Quando vai chegando perto de Puerto Limon, que é o principal porto do pais e por onde escoa toda a exportação para os EUA, passamos também por incontáveis depósitos refrigerados e centenas de carretas com containers refrigerados. Ficamos muito impressionados com a estrutura que cerca essas plantações. Depois, a medida que vamos subindo a serra e passar do por incontáveis vilarejos, observamos que as plantações foram mudando para cafe ou outras frutas ou subsistências e um pouco de criação animal, sempre em pequenas proporções. Nada parecido com as enormes plantações litorâneas. Chegamos a noite em San Jose, com direito a um congestionamento conhecido em uma ponte, que esta em construção ha mais de 10 anos!!! Acho que os governantes tem medo de terminar a obra e ver que não resolveu o problema de transito!
Dia seguinte fomos caminhar pela cidade e bingo, era domingo! Fecha tudo menos o centro com ruas só para pedestres, mas o fato é que não havia restaurante aberto. O que salvou foram uma padaria popular no centro, o velho e bom Starbucks e o restaurante do Hotel! Mais tarde achamos um fast food de frutos do mar e sanduíches e nos defendemos com uma ótima salada!
A cidade é simples com uma área central grande destinada só para pedestres. Tem alguns prédios do inicio do século passado que estão bem conservados, como o prédio do Correio e o Teatro Nacional, cartão postal da cidade, que foram construídos com a riqueza do cafe, que dominou a economia do pais no século 19 e metade do 20. Fizemos o tour pelo interior do Teatro, rico em detalhes e acabamentos típicos da época, como lustres de cristal, palcos com elevadores e diversos níveis de cenário possível e muitos afrescos e uma pintura enorme mostrando mulheres colhendo cafe que mais pareciam raparigas francesas colhendo uva e um homem carregando um enorme cacho de banana como se você um pacote de mercado, o que deixou duvida se o artista havia estado na região!
Aqui vai uma curiosidade : Para acelerar a exportação do cafe, que era produzido no planalto central e precisava ser levado para o litoral para ser embarcado para a Europa e EUA. O governo contratou um americano para essa construção que foi quase um desastre, com a obra utilizando mão de obra de presos americanos, chineses e escravos recém libertos da Jamaica. Para alimentar esse mundo de trabalhadores, o construtor plantou bananas para fornecer alimentação barata. No meio do caminho e governo parou de pagar e cedeu o direito de operar a estrada por 99 anos e mais de 3.000 km quadrados de terras ao longo da rota. O empreendedor resolveu fazer um teste e exportou bananas para New Orleans. O sucesso foi tamanho que no inicio do século 20, os valores de bananas exportadas superou a renda do cafe.
O melhor de San Jose é o Museu do Jade. Uma enorme e muito bem apresentada pecas antigas das tribos que habitavam o pais, com pecas de jade com desenhos intricados e poderia muito bem conservados, dispostos em diversos andares de prédio especialmente construídos para a coleção.
Caminhamos bastante pela área central e fomos a um parque enorme onde os locais passam o domingo fazendo churrasco, aproveitando as muitas quadras de esportes, a enorme pista de patinação de rodas - os patins preferidos são os de 4 rodas, 2x2.
Daqui seguimos para o litoral do Oceano Pacifico, para as praias do Parque Nacional de Manoel Antonio, apresentado em vários guias como uma das mais bonitas praias da America Central. Mas de la voltamos para San Jose e completamos nossas expedições pela cidade indo conhecer as poucas casas antigas que so reviveram os terremotos causados pelos vulcões do pais. Do quarto do hotel dava para ver um grande que fica próximo o da cidade. Tem ate excursão para visitar o topo.

Ate Manuel Antonio.

Costa Rica - Puerto Viejo de Talamanca Janeiro 2017

Costa Rica - Puerto Viejo de Talamanca Janeiro 2017
Oi turma
Para ir de Bocas del Toro-Panama para Puerto Viejo-Costa Rica optamos por ir de Shuttle Van uma vez que estávamos a 32 km da fronteira e Puerto Viejo é a cidade litorânea mais próxima. Saimos cedo de lancha tipo sempre caba mais um, rumo a vila de pescadores Almirante, ja no continente onde embarcamos na Van. Vale comentar que a maior parte da população mora em palafitas a beira do mar mas percebe-se alguma prosperidade, com grandes frigoríficos para receber peixe ou produção de bananas. Daqui ate a fronteira fomos passando quase que todo tempo por plantações de banana, com direito a uma parada para passar uma mula guiada por um funcionário da plantação puxando um monte de cachos de bananas enfileirados e presos em um trilho que cruza por cima da estrada. Os trilhos entram plantação a dentro e auxiliam no escoamento dos cachos de bananas.
Paramos na fronteira para fazer alfândega e nos deparamos com a burocracia latino americana - fila enorme para carimbar saída (demorou uma hora) - atravessamos a fronteira a pe, com nossa bagagem e chegamos na fila da alfândega da Costa Rica - Mais uma hora e meia! 
Dai ate Puerto Viejo a viagem foi bem mas lenta, ja que as estradas da Costa Rica não dão muita chance de andar a mais de 50 km/h. Mas fomos aproveitando a paisagem formada para as enormes plantações de bananas Chiquitas e pelas também extensas plantações da abacaxi Dole, ambas empresas americanas que dominam a agricultura de frutas na America Central.
Assim que chegamos em Puerto Viejo de Talamanca, tivemos o primeiro contato com a expressão que melhor define o espirito e a alegria dos costarriquenhos: “Pura Vida” , usada como saudação, como para dizer que esta tudo bom ou tudo certo e muitas outras ocasiões que sempre que usamos deu alegria e boa receptividade com os locais.
Ficamos em um bread&breakfast ajeitado e bem localizado (digo longe do barulho dos bares e restaurantes), que disponibilizava bicicletas para os hospedes. Mas o melhor era a excelente padaria e confeitaria que tinha ao lado, onde almoçamos quase todos os dias. Para jantar tem um lugar bem badalado e com comida boazinha, mas divertido pelo movimento que tem.
Logo depois que nos instalamos fomos caminhar pelas praias próximas a cidade. As praias são bonitinhas mas pequenas e com coqueiros enfeitando a orla. Com exceção da Playa Negra, de areias pretas por conta dos muitos vulcões que tem no pais, ad demais tem areias brancas mas a maioria com pedrinhas de coral misturado. O que embeleza é que entre a estrada e a praia tem uma faixa larga de arvores altas, disputadas por bandos de macacos e bichos preguiça. Volta e meia tinha grupo de turistas olhando para cima, a busca de bichos preguiça, o sucesso local.
Dia seguinte saimos de bicicleta e fomos ate Manzanillo, a 15 km de distancia, onde tem o Refugio Nacional de Vida Silvestre - simpático - e a areia da praia é melhor. Alias no c caminho é que ficam as melhores praias e foi onde nadamos e ficamos mais tempo.
Ficamos mais um dia repetindo a dose dos melhores momentos e melhores lugares e ate acompanhamos um campeonato regional de surf, em mar de pouca onda. Swell fraco!
Foi um bom começo de nossa passagem pela Costa Rica.
Daqui seguimos para San Jose, capital do pais.
Ate la